sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Lua Cheia


      É noite de lua cheia. Consegues vê-la?
    As palavras que ela me sussurra com a claridade que se reflecte no mar, são as palavras que tu me sussurraste naquele dia, há tanto tempo...
    Estávamos juntos à beira mar, passeando lado a lado, adiando para sempre o momento da despedida... Na minha mente flutuavam um turbilhão de pensamentos, queria perguntar-te se íamos falar, escrever ou voltar-nos a ver algum dia... Mas não perguntei nada pois ambos sabíamos que isso não iria acontecer... Andamos no silêncio da noite, numa paz sem limite, o tempo havia parado, ouvíamos apenas as ondas batendo de mansinho nos rochedos, e lá no alto a lua que ora parecia triste ora sorria, brilhava como nunca... Sentia os teus dedos entrelaçados nos meus com grande firmeza, como se não houvesse nada que nos poderia separar. E no entanto sabia que o teu sofrimento era igual ao meu. Sabias também que aquele dia seria o ultimo de sempre e nada havia a mudar quanto a isso... Continuamos a andar, até que paraste e olhando-me nos olhos disseste: "Vês a lua lá no alto? Por mais longe que estejamos, por mais diferente que seja a nossa vida e o lugar onde vivemos, a lua é sempre a mesma. E cada vez que olhar para ela, vou-me lembrar de ti, e estaremos juntos enquanto a lua existir. E a lua será para sempre." 
     Já passou tanto tempo... Tantos anos, tantos meses em que a lua brilhava e eu me lembrava de ti... E hoje, quando ela brilha de novo, mesmo sabendo que não estás aqui, nem nunca estarás, a lua é nossa... É igual para ti e para mim. Consegues vê-la?

Ellen

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Gotas de orvalho verde transparentes

    Desta vez mostrarei um texto que escrevi em 2007.

    16/04/2007
     Há coisas simples mas difíceis de entender.
   Já houve muitas ocasiões em que me encontrava no dilema de descobrir o porquê de uma coisa tão simples, como por exemplo, o porquê de ser especificamente nas aulas de FQ que me sinto tão longe da realidade e apenas o meu corpo se encontra presente, enquanto que a minha mente vaguei muito longe...
Ou porque será especificamente nas aulas de FQ que sinto a necessidade de passar os meus pensamentos e a minha imaginação para o papel, quer de modo perceptível, quer não...
    Há coisas que não compreendemos e que nunca seremos capazes de entender, ou então entendemos e chegamos à conclusão o quanto estúpido era.
Eu não quero perceber. Quero continuar na minha inconsciente presença nesta sala...
     Quero ficar no meu sonho, vivê-lo sem acordar e voltar para a realidade que me rodeia e ver a distância que separa o sonho da realidade. Quando sonho é tudo tão simples... Guio-me a mim própria e não só...
No entanto a vida não é um sonho. E não o será por enquanto. Por isso tenho de viver a realidade, porque ela enlaça-me e puxa-me para junto de si. Mas nestas aulas a realidade a realidade desaperta um pouco o seu laço e deixa-me inspirar um pouco do sonho.
     Actualmente o sonho é quase sempre o mesmo. Invade-me completamente.
    Se tivesse de definir uma cor para o sonho seria o verde, aquele verde que se vê quando uma gota de orvalho se reflecte na folha de uma roseira... Não me interessam as rosas. Só quero as gotas de orvalho verde transparente. Se pudesse tê-las ao meu lado, se pudesse olhar através delas a ponto de penetrar no seu olhar e "ver" aquilo que pensa...
    Há alturas em que essas gotas estão perto da minha vista. Nunca a ponto de poder alcançá-los mas quando estão tão longe a ponto de não os poder ver, aí sim, é que sinto a sua falta. E é nessas alturas que o tempo mais custa a passar.

   A realidade não me larga, apertando novamente o seu laço à minha volta. Sinto-me sufocar e já não consigo inspirar o sonho. Este dissipa-se e já não há verde. Apenas uma sala cheia de gente.
Resta-me esperar...

Ellen


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Rasto Perdido

Fui a tua procura, num lugar tão distante, num mundo que não é meu... Procurei a entrada mas não consegui achar nada. Avistei um corredor sem fim, sem luz que mostrasse uma saída, tão escuro, tão solitário... E  algures perdido lá dentro... encontrei um rasto teu, um sorriso, um toque, uma palavra... Que brilhava fraquinha a beira de se apagar na solidão fria que lá reinava... Peguei nesse rasto teu com todo o cuidado do mundo e ao lhe pegar ele brilhou e mostrou-me a saída, desse teu mundo que não é meu, dessa memória que é tua e minha também.

Ellen

domingo, 16 de janeiro de 2011

Teu Nome

Escrevi o teu nome na janela do meu quarto,
veio o sol e o evaporou.
Escrevi o teu nome na areia na praia,
veio a onda e o apagou...

Escrevi o teu nome em tanto lugar...
Sempre que escrevia,
minha caneta teu nome derramava,
como se não houvesse palavra mais linda no mundo,
do que o teu nome.

Tanto escrevi, até que veio o tempo,
E levou-o consigo,
Sem que eu desse por isso...
E um dia ao acordar,
Decidi escrevê-lo num lugar
onde o tempo não pudesse chegar,
onde ninguém o poderia apagar...

Decidi escreve-lo no meu coração...
Tentei, tentei...
Mas não me conseguia mais lembrar.

Ellen