sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O conto da folha e do vento

   Sou uma folha qualquer de uma árvore qualquer, que um dia caiu com a força do vento. O vento prometera levar-me pelos céus, mostrar-me as belezas dos reinos desconhecidos para mim. Prometera levar-me a um lugar lindo, desconhecido aos meus olhos acostumados a ver sempre o mesmo. Prometera ensinar-me a voar, aconchegada nos seus braços...
   E veio o vento deitando todas as folhas ao chão, para depois as agarrar novamente e leva-los consigo para longe. Vi todas as folhas irem, voando felizes, verdes, brilhantes e sorridentes... E pensei voar também junto com elas, mas ao dar por mim continuava esquecida, deitada na terra fria, a olhar o vento que levava todas embora e se tinha esquecido de mim. 
   Esperei deitada, vendo os dias passar, não sei quantas estrelas contei, quantas vezes a lua se riu de mim, quanta chuva apanhei, a espera do vento voltar e se lembrar de mim.  Passou o tempo, envelheci e desfiz-me em pó, espalhada na terra macia... Até que um dia o vento se lembrou, e voltou para me encontrar, mas nada mais achou do que um punhado de pó, que já não precisava mais do vento para voar. 

Ellen

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Entrelinhas da Vida - Sue

   Mais um dia para esquecer. 
    Sue entrou em casa, batendo com a porta e atirando o casaco molhado para cima da cadeira. Era um daqueles dias que parecia estar programado para correr tudo mal. E ainda por cima, quando estava mesmo quase a chegar começara a chover torrencialmente...
   Sem vontade de se secar, Sue sentou-se no sofá que ficava ao pé da janela da rua e ficou uns bons minutos a olhar o tecto... Melhor forma de se acalmar era pegar na guitarra e foi isso que ela fez. Começou a tocar sem se dar conta ao certo da música que tocava e a cantar: "Tell me what you want to hear, something that'll like those ears, sick of all the insincere, so i'm gonna give all my secrets away"...
   Parou por uns segundos e ouviu alguém bater palmas fora da janela, ao olhar era um jovem com sorriso simpático e rosto com barba de três dias, que passava pelo caminho e havia parado para a ouvir.
 -Só por isso já valeu a pena andar à chuva, não te preocupes não conto a ninguém... é segredo.- disse sorrindo e continuou a andar.
  Sue ficou a olhar, sem tempo de pensar numa resposta, ou de ter uma reacção... Riu-se, fechou a janela que estava com uma brecha aberta, sentou-se no outro canto do sofá e continuou a tocar.


   Agora que ficaste com uma pequena visão geral das protagonistas, aperta o cinto, e se quiseres, vem comigo conhecer o resto da história.

Ellen


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Entrelinhas da Vida - May

   Sentada no telhado, na noite gelada, May observa as luzes da cidade, os carros que passam lá em baixo, algumas pessoas apressadas apertando os casacos, caminhando de cabeça baixa, tentando chegar ao conforto dos seus lares... É uma noite fria e lá no alto algumas estrelas espreitam timidamente...  Abraçada aos joelhos May treme de frio, mas sem vontade de voltar para dentro de casa. O que estará a pensar nesse momento, só ela sabe...
   O dia de descanso acaba amanhã. Depois May voltará a voar...
   O frio aperta e May desce do telhado e entra em casa. Sue ainda não chegou, não deve tardar... O cão vem ao seu encontro, já saudoso e May senta-se no sofá acariciando com ternura o cachorrinho. Passado algum tempo, ouve o barulho da porta e diz ao cão: "Olha a Sue já chegou".
   E ao ver sua irmã, sem se dar conta disso, o  rosto de May abre-se num enorme sorriso.Um sorriso repleto de alegria e carinho, daqueles sorrisos únicos, que ficam marcados pela sua beleza e sinceridade. É difícil descrever por palavras algo tão belo, mas se tu pudesses ver aquele sorriso, tenho certeza que jamais o esquecerias.

Ellen
    

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Entrelinhas da Vida - "A Menina do Violino"

   Maggie, a menina do violino, olhava perdida para o monte de apontamentos que tinha à sua frente e o seu pensamento prendia-se naquele sorriso que a encantava todos os dias. Por mais que quisesse estudar não conseguia, o seu coração voltara a palpitar com uma intensidade à muito esquecida. A sua mente girava em torno de todas as possibilidades, poderia algo assim ter futuro? Voltaria a sofrer por demais?
   O violino descansava no seu canto como que chamando por ela, pedindo para que fosse tocado mais uma vez, aquela música que era só dela, ou talvez não só... A música que lhe trazia as mais belas recordações. Valia a pena arriscar? 
   Enterrou a cabeça nas mãos tentando livrar-se desses pensamentos, tentando concentrar-se no estudo, mas deu por si sorrindo da doce recordação. Levantou-se e pegou no violino estremecendo com a beleza daquelas notas, e ao som daquela musica, não houve mais medos nem insegurança e soube que devia arriscar. 
   Se fosse tão simples assim... Se tudo se resolvesse com um desejo, se todas as certezas se criassem por meio de uma música... A teimosia veio e Maggie voltou com força aos estudos. Não é hora de decidir, não é hora de arriscar... Talvez amanhã... ou depois... um dia.
   
Andreia e Ellen

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Entrelinhas da Vida - Anny

   Chove. Chove há horas, há dias até talvez, Anny já perdeu a conta... Não que estivesse contando...
   Sentada com o olhar vazio, desejando estar num lugar que não fosse este. Não um lugar qualquer, ou se calhar até seria um lugar qualquer, se fosse com elas. 
   Se ela te deixasse navegar na sua mente, ganharias uma viagem, porque é isso que ela está fazendo neste momento. Viajando, com o corpo preso na cadeira, e a mente longe. Sem medo da chuva, sem medo do vento... Será que vem aí uma tempestade? 
   Deu-lhe vontade de ouvir musica... Mas que fosse música ao vivo... Que chatice...
   Tudo é possível. Talvez não hoje, não agora... Mas talvez em breve...
   Até esse breve, fica uma jovem sentada, solitária vendo a chuva a cair, mas sem se importar, porque não está presa atrás da vidraça... Nem sozinha. Só de corpo, mas quem se importa com isso... Ninguém a pode impedir de viajar. 

Ellen

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Entrelinhas da Vida - Apresentação


   Vidas diferentes, histórias diferentes, e no entanto todas elas têm algo em comum. São elas que vão guiar esta história... Mas já me estou a antecipar.
    Com um violino na mão, cabelo com vários tons loiros, olhos que ora parecem verdes ora azuis ou mesmo cinzentos, (nunca soube ao certo a cor) com um salpico castanho característico, tem o seu não sei quê de misterioso. É dona de uma fábrica de Mon Chéri, estuda música e é uma personagem que vai ganhando mais importância ao longo do tempo. Sorriso enorme, e que faz de tudo para alcançar seu objectivo. Não te digo o nome por enquanto, será apenas "A Menina do Violino".
    Anny, sua melhor amiga, é o génio da informática. E a pintora secreta. Costuma acompanha-la e ajuda-la, e é capaz de fazer de tudo para protege-la. Longos cabelos dourado escuros, da cor da areia da praia, meio encaracolados, olhos inteligentes castanho esverdeados, por trás dos óculos que sempre usa.  É a mais tímida, que encanta com a sua voz de miúda. Normalmente acompanhada pela sua gatinha e guitarra. Ainda se passarão algumas cenas interessantes com ela...
    May e Sue são irmãs, muito parecidas à primeira vista, com cabelo preto e olhos escuros sorridentes, acompanhadas pelo seu protector, um cachorrinho preto bebé muito perigoso.
May é pilota de um F-16, uma aventureira que ainda passará por alguns perigos, e que por trás da sua aparência brincalhona e destemida esconde uma personalidade sensível. Uma grande romântica, poeta, escritora e compositora no tempo livre. Se pudesses deslumbrar o futuro que lhe está reservado, ficarias surpreendido...
    Sue é médica, e faz os melhores chás caseiros da zona. Igualmente brincalhona e conhecida pela sua generosidade, tem uma vida que daria para escrever um livro só com ela. Também compõe e toca, aliás todas têm o seu lado artistico, mas não é isso que as irá unir.
    Não vou adiantar a personalidade de cada uma das minhas personagens, descobre tu com o tempo. 
    Existem muitas histórias de super heróis, personagens que mudam  a história, que mudam o mundo, belos contos, romances, dramas... Que tipo de história será esta também descobrirás...
O que vai acontecer agora... Eu conto-te. Na próxima vez.

(Sugestões serão bem vindas).

Ellen

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Uma viagem sem fim

  Olha pelo janela e vejo a paisagem que passa, naquela doce sonolência e conforto, uma viagem sem preocupações, uma viagem que repito todos os dias sem nunca me fartar, uma viagem que nos leva a sonhar. 
   Tanta vez que percorri o mesmo caminho, ida e volta, na mesma camioneta, com as mesmas  pessoas, vendo a mesma paisagem, as coisas que imaginei, as histórias que inventei, os amigos imaginários que conheci... Numa simples viagem. 
   Hoje tenho saudades dessas viagens, mais do que alguma vez poderia imaginar, sabendo que foram episódios do meu dia a dia que não voltam mais.
   Lembro-me das vezes que me sentia tão bem que pensava: quem me dera que esta viagem nunca chegasse ao fim. Imaginava o que seria se continuássemos sempre a andar, sempre, sempre, sem jamais parar.
   De certa forma a nossa vida é uma viagem assim. Temos de vive-la, e podemos escolher se a tornamos uma viagem agradável ou não. E mesmo que não corra tudo como gostaria, sou feliz nessa minha viagem. 

Ellen


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

E lá se foi...

    Por vezes as nossas certezas tornam-se incertezas, as coisas que sonhávamos ter desvanecem-se antes mesmo de acordarmos e o caminho pelo qual estávamos a seguir tornam-se becos sem saída cuja única solução é voltar o mesmo caminho para trás e seguir outro. Dizem que não há sonhos perdidos, apenas sonhos que mudam... Mas é preciso encontrar o rumo desse novo sonho para tentar segui-lo... Como poderei encontrar esse rumo se nem sei de que sonho se trata?
    Um objectivo que deixa de ser objectivo porque simplesmente não existe mais possibilidades de concretiza-lo, quando isso acontece que posso eu fazer? Deita-lo fora como se fosse um objecto que perdeu o interesse? 
    Agora que sei que não tenho mais oportunidade é que vejo o quanto queria, mesmo com poucas hipoteses de ficar, sempre pensei que de alguma forma ficaria. Não vale a pena chorar pelo leite derramado dizem mas o pior é que nem fui eu que o derramei. Nem me deram oportunidade para o fazer. 
    Mas enfim, quando as coisas não correm como queríamos ou esperávamos não vale a pena ficar de cabeça baixa, lamentando-nos e tendo pena de nós mesmos, é seguir... E quem sabe se um dia ao me recordar de tudo isto ainda direi: "ainda bem que foi assim". Não que eu acredite nisso, mas podemos fingir que acreditamos não é verdade?


Ellen