Sou uma folha qualquer de uma árvore qualquer, que um dia caiu com a força do vento. O vento prometera levar-me pelos céus, mostrar-me as belezas dos reinos desconhecidos para mim. Prometera levar-me a um lugar lindo, desconhecido aos meus olhos acostumados a ver sempre o mesmo. Prometera ensinar-me a voar, aconchegada nos seus braços...
E veio o vento deitando todas as folhas ao chão, para depois as agarrar novamente e leva-los consigo para longe. Vi todas as folhas irem, voando felizes, verdes, brilhantes e sorridentes... E pensei voar também junto com elas, mas ao dar por mim continuava esquecida, deitada na terra fria, a olhar o vento que levava todas embora e se tinha esquecido de mim.
Esperei deitada, vendo os dias passar, não sei quantas estrelas contei, quantas vezes a lua se riu de mim, quanta chuva apanhei, a espera do vento voltar e se lembrar de mim. Passou o tempo, envelheci e desfiz-me em pó, espalhada na terra macia... Até que um dia o vento se lembrou, e voltou para me encontrar, mas nada mais achou do que um punhado de pó, que já não precisava mais do vento para voar.
Ellen