quinta-feira, 7 de julho de 2011

Entrelinhas da Vida - Capítulo 3 - Coincidência

     O Mundo é grande e ainda assim pequeno. Porque senão, como é possível que no meio de tantas pessoas que existem são exactamente aquelas duas pessoas que se encontram? Coincidência... Ou procura.
     Sue estava sentada em frente de um monte de documentos sem vontade nenhuma para ler aquilo tudo, já haviam passado algumas horas e ainda faltava mais de metade... Passar os últimos dois dias de férias a estudar não era nada fácil mas tinha de ser...
     Sue olhou para o relógio, eram 22:10, a noite ainda seria longa... Com sorte deitar-se-ia as 1:30. 
     Estava um calor... Sue foi abrir a janela e quase derrubou a orquídea mas ainda conseguiu segurá-la a tempo.   As pétalas estavam murchas, a planta precisava urgentemente de ser regada.
     - Nem tempo para regar uma planta tenho, que miséria. - pensou enquanto regava a flor.
     Eram 22:20 quando o telemóvel tocou. 
     - Sue? Olha é o Sebastião, estou aqui na festa da praia com a malta vens ter connosco?
     - Não posso, tenho de acabar de organizar os documentos, quero ver se acabo tudo até amanhã.
     - Vá lá, vens só um bocadinho, aposto que estiveste fechada em casa o dia todo.
     - Não dá... E sinceramente não estou com muita vontade para festas agora.
     A janela estava aberta mas o calor era o mesmo. Um calor sufocante que só tornava tudo ainda mais cansativo...
     22:30. Sue estava prestes a adormecer a olhar para os papéis quando lhe bateram à porta e Sebastião entrou de rompante. 
     - Que fazes aqui? Pensava que estavas na festa.
     - E estava, e volto já para lá. Contigo.
     E antes que ela pudesse responder, ele agarrou-a puxando-a para  a porta.
     - Andaste a beber? Já disse que não quero!
     No entanto, Sebastião tanto insistiu que ela acabou por entrar no seu carro. 
     Era uma noite clara, com o céu cheio de estrelas e uma lua quase redonda. A casa de Sue não era muito longe da praia e em 10 minutos estavam lá. Havia barracas ao longo de toda a praia, música e imensas pessoas. 
     - Onde está o resto do pessoal?
     - Algures por aí... Queres ir ter com eles?
     - Agora não... Talvez daqui a bocadinho. Tenho sede.
     Foram comprar qualquer coisa para beber, a frente deles estavam dois rapazes, o mais pequeno discutia com um outro:
     - Ganhei a aposta, tens de pagar! 
     - Pensas que ganhaste, daqui a bocadinho vais ver que não... Mas não seja por isso eu pago.
     Sue viu o rapaz que estava à sua frente, de costas, e parecia-lhe familiar... Onde já o tinha visto?
     O jovem pagou e virou-se para ir embora quando também a viu. Hesitou por um segundo e disse sorrindo:
     - Eu conheço-te! Ainda não tivemos oportunidade de nos apresentar, sou o Xavier e este é o meu primo Duarte. - disse, estendendo-lhe a mão sem nunca deixar de sorrir.
     - Sue e Sebastião. - respondeu apertando-lhe a mão.
     Caminharam um bocado juntos pela praia, e no meio da conversa Xavier e Sue ficaram um bocadinho para trás. 
     - Recebeste a orquídea?
     - Recebi.
     - Quando a vi lembrei-me daquela vez em que te ouvi tocar e cantar da tua janela por isso é que quis oferecê-la mas pensando bem se calhar o teu namorado não achou muita piada...
     - Ele não é meu namorado, somos colegas de trabalho e melhores amigos. 
     - Xavier, já são 23:00 temos de ir.
     - Já?! Vamos. Temos um encontro com amigos, já devem estar à nossa espera, temos de ir.
     Despediram-se a caminharam apressadamente para o meio da multidão.
     Sebastião e Sue continuaram a caminha à beira da água.
     - Então valeu a pena sair de casa?
     - Sempre deu para lavar as vistas. - respondeu ela a rir.
     Sebastião deu um pontapé na água molhando-a a qual ela respondeu de volta e pouco tempo depois estavam ambos molhadas e acabaram por se atirar à água. Estava calor mas À medida que o tempo passava começou a ficar frio. E quando saíram da água Sue tremia com os lábios roxos.
     Voltaram para o carro e Sebastião buscou uma mantinha ao porta bagagem no qual ela se embrulhou.
     Quando chegou a casa ignorou o monte de documentos que a esperavam, amanhã acabaria o resto.

(continua...)

      
     

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