sábado, 23 de junho de 2012

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Já passou tanto tempo e tão depressa que nem dei por ele a passar.
Sempre soube que um dia voltaria aqui. Que voltaria a deixar em palavras aqueles sentimentos que penso sentir ou os pensamentos que desejo inventar. Serão reais? Não sei dizer...
Lá fora escurece e não tenho noção das horas... Entardece. Ouço o ribombar dos trovões e de vez em quando os raios de luz parecem atravessar este pequeno quarto iluminado apenas por uma vela.
Nunca ouvi tal trovoada, parece que a qualquer momento as paredes vão abaixo. Se tenho medo? Não. Não receio a trovoada mas desejava não estar aqui sozinha. Ocorres-me nos pensamentos, aquele teu sorriso que faz toda a escuridão desaparecer. Quanto tempo passou desde a última vez que vi esse sorriso? Semanas? Meses? Não, nem dias nem horas nem minutos pois vejo esse sorriso teu que está presente na minha mente. Se pudesses estar aqui comigo, aconchegar-me-ia nos teus braços, fecharia os olhos e ouviríamos a trovoada  juntos até adormecer. 
Mas não fecho os olhos nem adormeço pois estou sozinha neste quarto, guardando o meu segredo, vejo a luz da vela tão pequenina que mal ilumina o quarto entretanto escuro, como uma esperança que treme à beira de se apagar. Mas essa luz não se apaga sozinha, apenas se eu deixar... E alimento a esperança com a tua presença e penso se alguma vez estou presente na tua mente também assim?
Apago a vela.

Ellen

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