quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Entrelinhas da Vida - Capítulo 3 (cont.) - Um Encontro na Floresta

     Esperar. Até quando? Anny encostou-se à parede de pedra que ficava ao lado da porta de entrada da casa mas endireitou-se logo pois a parede estava fria e húmida.
     Para variar, chegaria mais uma vez atrasada ao trabalho e iria ouvir um sermão do chefe mas por mais zangado que ele ficasse nunca a mandaria embora pois sabia que não encontraria igual tão depressa.
     Estava bastante frio depois da tempestade da noite e pelos vistos Anny não teria boleia nesse dia. Por vezes a colega de trabalho não aparecia sem avisar e Anny ficava pendurada à espera, como hoje.
     Com demasiado frio para estar quieta, Anny caminhou em direcção ao trabalho, caso a colega aparecesse apanhava-a. Que tempo estranho, não era suposto estar tanto frio nessa época e a chuva também prometia voltar de novo. Anny apertou o casaco à sua volta e começou a apressar o passo.
     Era triste, levantar-se tão cedo para não chegar a horas...
     - A minha vida precisa de uma mudança, estou farta disto tudo. - murmurou para si mas calou-se envergonhada quando um velhinho que passava na rua parou para escutar o que ela dizia.
     - Bom dia menina.
    - Bom dia. - Anny ainda apressou mais o passo até chegar aquele caminho de terra que passava pela floresta.
     Cheirava a terra molhada e a gasolina quando um carro passou por ela e Anny pensou que se calhar até não seria um dia tão mau assim.
     Ainda era um bocado longe até ao local de trabalho, pelo menos uma hora pelo mato. Um passeio sem incidentes, pelo menos era o que Anny pensava e esperava, mas nunca se sabe o que vai acontecer em qualquer momento, em qualquer lugar...
     Anny cantarolava enquanto ouvia "Dust in the Wind" no mp3 e por isso não ouviu logo quando alguém a chamou.
     De um cruzamento, vinha uma jovem senhora completamente molhada com um cão nos braços.
    Quando finalmente a ouviu, Anny aproximou-se daquela jovem que tremia de frio, com a roupa e o cabelo  sujo de terra, olheiras profundas e as calças sujas de sangue numa perna.
     - Sabes dizer-me onde estou? Tou a caminho a noite inteira e completamente perdida com o meu óptimo sentido de orientação...
     - Vem, eu ajudo-te. Ainda temos de andar um pouco para sair daqui...
     - Não posso mais... Deixa-me descansar um bocadinho... Que noite...
     - Ok, mas é melhor nos despacharmos, precisas de mudar de roupa e tomar um banho quente, ainda ficas doente assim. Como te chamas?
     A jovem sentou-se no chão, afastando uma madeixa loira da cara e respondeu:
     - Podes crer, nunca precisei tanto na minha vida. Maggie.
     -Então que se passou para estares assim?
(continua...)

     

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