quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Entrelinhas da Vida - Capítulo 3 (cont.) - Anny e Maggie

     - Vai tomar banho, há toalhas no armário e se quiseres eu posso emprestar-te roupa minha. - disse Anny enquanto lhe mostrava onde era a casa de banho.
     - Obrigada, mas devias pensar melhor em levar pessoas estranhas a tua casa... Sabes lá que tipo de pessoa eu sou...
     - Não tenho medo. Vou fazer qualquer coisa para comermos fica à vontade.
     Meia hora depois Maggie e Anny estavam sentadas na sala a comer torradas com nutella enquanto Gastão, deitado aos pés de Maggie, pedia com uns olhos suplicantes um bocadinho de pão.
     - Não podes comer chocolate faz-te mal. - Maggie acariciou o pêlo molhado de Gastão que baixou a cabeça com cara triste.
     - Então que te aconteceu afinal para andares perdida na floresta no meio de uma tempestade?
     - Não tens de ir a algum lado? Encontrei-te pelo caminho e voltaste para a tua casa comigo...
    - Eu ia a caminho do trabalho mas a minha colega não me veio buscar portanto chegaria atrasada de qualquer maneira, não te preocupes. Hei de ir hoje a tarde. Ainda estás a sangrar da perna. - Anny foi buscar a caixa de primeiros socorros e tratou da perna dela.
     - Bem, queres saber a minha maravilhosa aventura? - Maggie encostou-se para trás no sofá, cansada, e começou a contar a sua história.
     - Estás cansada, se quiseres vai dormir um pouco e depois contas.
   - Eu aguento, aguentei até agora... Ontem fui visitar os meus avós e voltei à noite, vivo longe deles e quando estava a meio do caminho faltou a gasolina e fiquei parada, ainda consegui pôr o carro na berma e comecei a andar a procura do próximo posto de gasolina. Fui pelos caminhos desertos no meio dos serrados  porque assim poupava uma hora de viagem, o que foi um erro porque não apanhava rede lá e também não passavam carros nenhuns. Pensei ficar de noite no carro e esperar pela manhã, mas pensei lembrar-me que se fosse pelo próximo cruzamento chegaria à estrada principal e havia um posto bem perto. Enchi-me de coragem e fui apesar da chuva que estava a ficar cada vez mais forte. é claro que me perdi, sou péssima em orientação, e quando dei por mim estava no meio da floresta e no meio da tempestade. Gritei, caí, pensei que iria ficar lá para sempre, até que amanheceu e encontrei-te a ti. E foi sem dúvida das piores noites da minha vida.
      - Coitada de ti... Tinhas voltado para o carro pelo menos ficavas abrigada... O cão não te ajudou a encontrar o caminho?
     - O Gastão? Coitadinho estava com mais medo do que eu, já é muito velhinho já não consegue cheirar muito bem... Olha obrigada por tudo, vou buscar gasolina e apanho um taxi até ao meu carro. És muito simpatica, vou recompensar-te pela ajuda.
     - Ah não é preciso, gostei muito de te conhecer, preferia que fosse noutra situação mas...
     - Havemos de combinar um dia para almoçarmos...
     - Ok, gostava muito.

(continua...)
     
     

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